São outros tantos que, com lápis e pincéis,
poisam sobre uma tela assuntos mil. A história
da pintura cabo-verdiana ganhou os seus contornos após a independência nacional,
em que houve uma massificação e encorajamento no sentido de se investir em tudo
o que seja cultura nativa, tendo, por conseguinte, surgida na fase do grito de
liberdade e de busca das raízes.
![](https://4.bp.blogspot.com/-zzBD7ue-ZMA/V1a8iuZm0UI/AAAAAAAAAII/x1axB1FwTnQriaJSjo072OnY5BRmTpBGQCLcB/s400/pintura.png)
Com
o advento dos meios de comunicação social, que possibilitaram a diluição de
fronteiras físicas e o contacto permanente com outras realidades, a pintura
cabo-verdiana sofreu uma evolução considerável no que tange à mudança da
temática. Pois, se antes os artistas retravam o grito da liberdade, anos após a
independência eles passaram a retratar aspetos concernentes ao quotidiano, com imagens ligadas ao trabalho,
ao lazer e às manifestações tradicionais da cultura
popular.
![](https://2.bp.blogspot.com/-UZe3KasIcDo/V1a57YBAwUI/AAAAAAAAAHk/EFhlN1BgGUc7HVevUaX8sjaH6RuHLU9MQCLcB/s400/explos%25C3%25B4es%2Bde%2Bcores.jpg)
Atualmente
as artes plásticas em Cabo Verde abrangem centenas de criadores e a cada ano
surgem novos nomes a tentar conquistar o seu espaço num mercado escasso, mas
bastante dinâmico.
Exemplo
disso é o jovem Yuran Henriques, um amante de artes plásticas. Segundo o
artista, a sua paixão pela arte nasceu a partir do momento que começou a ler banda
desenhada e começou também a tentar fazer, e isto sempre fez parte das suas
raízes familiares desde criança.
Nas
suas obras, Yuran retrata a sua vida e o quotidiano ao seu redor, nomeadamente
as suas emoções, os seus pensamentos e os diversos problemas que a sua
comunidade enfrente nos dias atuais. “Pretendo transmitir a vida tal como a
vivo. Eu não concebo o artista fora da sociedade, em termos teóricos um artista
é sempre um ser (homem ou mulher) que vive numa sociedade. Portanto o que é o
artista? O artista é aquele que é, o porta-voz dessa pequena ou grande
comunidade, é um porta-voz do tempo que vive, é um porta-voz da sociedade em
que está integrado e onde deve procurar estar profundamente ambientado nessa
sociedade”, afirma.
![](https://2.bp.blogspot.com/-5wBVkIf-0qA/V1a6gtDrOmI/AAAAAAAAAHw/_4YC4PEvuIshrrVVMZYSlygr4rgKuNjNQCLcB/s400/yuram.jpg)
À semelhança
de qualquer artista, Yuran diz que a sua inspiração se encontra no trabalho,
pois gosta de trabalhar para descrever o que sente através dos seus sentidos,
usando o seu conhecimento.
Yuran
Henriques carateriza-se como um pintor apaixonado, jovem e determinado fã de
Xand Silva isto porque diz q que faz grandes exposições “que nos puxam pelos
cabelos e nos arrastam pela estrada da nossa interioridade em busca de um
sonho, de uma fantasia, ou mesmo de um silêncio ou de um grito que nos permite
a intelecção do que vemos e, consequentemente, uma interpretação mais comedida
com a intuição inconsciente ou conscientemente processada pelo artista e pela
sua estética sugestiva, psicanalítica”, explica.
O
jovem artista diz ter sonhos. Como projeto futuro tem em mente uma exposição
cujo lema é “arte urbana” que iniciará num espaço fechado e, a posteriori, levá-lo-á às ruas.
Yuran
deixou um apelo aos colegas artistas pedindo que estes exercitam a sua
criatividade e trabalhem suas emoções e pensamentos independentemente da
qualidade que os coloque num quadro a base de tintas.
Outra
personagem que tem enriquecido a pintura nacional é Aladjidrame. Era um dia
qualquer de um mês que já não se recorda do ano 1999, que o senegalês chegou em
Cabo Verde. Aladjidrame garante que sua chegada no arquipélago foi “obra do
destino”, pois afirma levar uma vida “tranquila” dedicada à pintura.
“Gosto
muito de pintar, e com o tempo percebi que no mercado existia carência de
alguns produtos africanos, que retratam a nossa realidade, deste modo, escolhi
relatar a vida da mulher africana no meio rural, nas suas múltiplas funções”,
conta o senegalês, concluindo que a mulher é a sua inspiração, pois, “ela é
batalhadora, defendo que devemos acreditar mais nas mulheres, porque elas têm
uma boa visão, e sempre destacam em tudo que fazem”.
Aladjidrame
conta que o Ipericentro é o seu espaço de trabalho e onde vende os seus quadros
que variam de quinhentos a vinte mil escudos.
![](https://3.bp.blogspot.com/-gGASkZ2ERsI/V1a7m9ggekI/AAAAAAAAAIE/4Oetm04R-2Mp42nWJp4li2KEMK-ye6MTwCKgB/s400/iper.jpg)
O
Ipericentro é apenas uma das “casas de arte” da cidade da Praia. Podem se
encontrar obras de arte expostas em várias livrarias da capital, na Biblioteca
Nacional, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, e em outros espaços pontuais.
Hoje
na pintura insere-se uma quota parte dos artistas nacionais e estes têm colocado seus trabalhos em muitas exposições, não só em Cabo Verde,
como também em países como Portugal e Estados Unidos o que vem dando-lhes
mérito e reconhecimento.
Por: Grace Cabral
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